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Por Chico, Com Chico e Em Chico – editado

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Caros amigos.

Infelizmente, como amplamente divulgado pela mídia, redes sociais e lamentos de seus grandes parceiros, discípulos e amigos do peito,

Francisco de Assis Pereira, o Mestre Chico de Assis, faleceu no último dia 04 de Janeiro de 2015.

Eu o havia encontrado no Piolim, um restaurante que tradicionalmente recebe a classe teatral em São Paulo, pra a comemoração do seu aniversário dias antes. 81 anos. Estávamos todos felizes. Reencontrei amigos antigos, fiz novos. Reconheci tantos outros que há tempos, por força das ondas que nos separam nesse marzão da vida, já não sabia mais. Foi uma noite feliz.

Incrível essa conexão misteriosa que nos envolve enquanto praticantes  do planeta, ciganos das artes e do questionamento sobre o que é fazer parte disso tudo. Escrevi este texto. Um tempo depois, estava sentada com Chico, ao seu lado, no Piolim. Dias depois, meu Mestre, nosso Mestre Chico havia partido inesperadamente causando uma grande comoção no meio artístico e cultural.

O Chico me fez uma pessoa melhor. Ele sempre soube disso. Vem dele essa visão libertária e romântica que tenho de minha profissão, essa diferenciação de outros ofícios que deve existir, que existe, para que não enlouqueçamos diante de tantos questionamentos. Chico ensina como quem conta uma historinha. É humilde, simples, e de uma grandiosidade incomparável. Talvez por sua simplicidade, humildade, sabendo tanto o que sabe.

Sim, notei que falo no presente. Não esqueço que Chico se transferiu para outros, e há Chico de Assis em mim também.

Chico está em cada um que soube de sua importância e o admirou indiscriminadamente, como a Ex-Ministra Ana de Holanda. Chico me mostrou a justiça através da injustiça. O certo, por intermédio do que estava errado. E é preciso corrigir o que de mal entendido possa se transformar em verdade absoluta, que não é.

Fui aluna de Chico de Assis na FAAP no final dos anos 70, início dos 80.

Queria uma foto dele mais novo para postar aqui e parti em busca na internet. Encontrei a carta que postei porque considerei o resumo perfeito do que havia sido Chico de Assis até então, e os nomes que assinaram a carta respeitosamente fantásticos. Nunca havia ouvido falar disso, nem lido nada a respeito. Como esta coluna não é jornalística, é livre para publicar pensamentos e idéias, não pratiquei investigação alguma, deixei a comoção nortear todo o texto. Mas, cadê o resultado dessa ação entre amigos? Eu quero saber, todos querem saber. (Ê, Chico! Sempre me ensinando, sempre!).

Se Chico de Assis continuou ativo, produtivo e bem até seu último dia, foi graças ao socorro da então Ministra da Cultura Ana de Holanda.

Sem alarde, sem se valer do que politicamente poderia ser um mérito, discreta e pontualmente, Ana de Holanda tomou providências a altura de Chico de Assis. E manteve em segredo. Segredo que hoje vou revelar por justiça ao ato e respeito a quem sabe como é difícil viver de e fazer Cultura nesse país. O o MinC comprou os direitos da obra de Chico de Assis por 5 anos. Seria injusto com Ana de Holanda não reconhecer  que foi ela, sim, e o Ministério da Cultura, que devolveu a Chico de Assis seu lugar de direito.

Bravo, Ana, Bravo!

Aos amigos leitores, não postei antes porque, como escrito acima, quase ninguém sabia. Não foi uma ação com intuitos políticos. Foi justa.

 

Futebol! Mulher! Fofoca! Breja!

1962.6.19 brasil bicampeão do mundo copa futebol gilette2 Por Chico, Com Chico e Em Chico   editado

Yes, We Can. But I don't care. Hmf!

Embora esses não sejam os assuntos principais, fica aí e lê. Mal não vai fazer. Isso eu posso prometer.

 Povo Brasileiro tem personalidade! Samba, Futebol e Mulher ostentação.

Antes de começar a leitura, cabe aqui uma observação. Uma, não. Algumas. Não sei quantas. Inspiratórias, precisam ser explicadas. Ah, não meus queridos, vocês compreendem, sim. Isso não é uma explicação, absolutamente Sois Rei! Sois Rei! Sois Rei! Brada ainda Pai Ubú sobre nossos corações e mentes.  A necessidade é minha. Depois de ver triunfar seguidos teretetês intelectuais  regados à eficientes dispositivos projetados para alegria mode on, como se não houvesse compromisso com o seu em torno, ou com o que produz para a sociedade (ah, que papo chato....!  Cadê seu copo? Ahahahaha!), inspirei, respirei, fiz questão de não tomar nem uma brejazinha para não mudar o meu grau de maturidade literária.

375px Ubu Jarry cópia Por Chico, Com Chico e Em Chico   editado

Ubu Roi, de Alfred Jarry - no Brasil levado aos palcos pelo Grupo Ornitorrinco, de Cacá Rosset, Ubú Rei.

Muito ronda a mente nesses momentos. Tudo o que sei, o que me ensinaram, o que e com quem aprendi. Quando entrava nas livrarias e comprava livros pela capa. O mesmo nas casas de LPs na Teodoro Sampaio, em particular nos fundos da Sebo de Elite, onde encontrava pérolas que ainda tenho comigo. Pensei, pensei... pra que serve tudo isso hoje, se a pessoa que decidi respeitar durante um período, apesar de aparentar preocupação e senso de justiça, realmente não se importa?

Então lembrei do meu amigo Chico.  Francisco de Assis Pereira, o Mestre Chico de Assis

que só depois de grande associei ao nome do meu santinho preferido. São Francisquinho. Claro que tinha a ver. Só podia. O que este homem me ensina até hoje é absurdo. Por falar em absurdo, pós Ubu Roi, infinitos Dali's e daquis eram crivelmente enebriantes, libertadores. Não censores, criadores do tudo-podismo, amém pra sempre. Alfred Jarry, Dali, Ionesco, Buñuel, Roberto Drummond, Oswald de Andrade, Andy Warhol,  David Lynch, Glauber Rocha, Enéas e Tiririca não foram contemporâneos. Na maioria. E a resposta está aí. Na sua frente. Em cada balançar negativo de sua cabeça em frente a Smart TV diante de uma ex-Chiqutita qualquer. Ou uma troca das cadeiras do jornalismo asseado.

Quem é Chico de Assis? Como assim, quem é Chico de Assim?!

Reproduzo aqui uma carta enviada a então Ministra da Cultura Anna de Holanda pedindo que ajudasse Chico de Assis. Meu São Franciscquinho, em 2011.

carta chico1 Por Chico, Com Chico e Em Chico   editado

Carta pró-Mestre Chico de Assis para a Ministra da Cultura - 2011

Concluí que assim caminha o profissional de comunicação. Yes, We Can, but... I don't care.

Discussões políticas afastaram amigos de anos. Por quê, G-zuis? Se estes, votantes incontesti de um partido gostam de discursar o que não cumprem , vivem numa Neverland onde brincar de ser cidadão justo e decente, moderno e coerente e, melhor, ter poder, é muito mais legal do que o peso da responsabilidade - inclusive sobre pessoas - que um cargo atrai?  Olhar para o lado e mudar a vida de uma família num click.  Ah... my precious...

A Vaidade é meu melhor pecado, diria Louis Cypher, personagem de Al Pacino em O Advogado do Diabo.

Controvérsias argumentativas a parte, sinto pela minha profissão, não por quem a está gerindo. Costumava ser bom ser jornalista. Era esplêndido ser das primeiras safras de radialistas formados e trabalhar com entretenimento e cultura.

Rei Ubú morto, Rei Ubú posto.

Se não há realmente competência ou qualificação colaborativa, que se dispense, que se dê a oportunidade do indivíduo aprender que precisa aprender para estar onde está. Que cada profissão precisa de experiências e experientes. Mas, não. Infelizmente, meninos bravos que se acalmam danando, são o retrato exato dos eleitores do novo governo. Vigência irresponsável, articulada e até certo ponto, injusta. Votais na situação, oh, caros pensadores. E continuem ferrando a sociedade com o resultado do seu produto, seus salários exagerados e os eu penso nisso depois. É incoerência ou eu to viajando?

Tive o privilégio de aprender com os melhores.

E entre os melhores, estava e ainda está, Chico de Assis. Chico era aquele professor que sentava com a gente junto a fogueirinha de papel, falava de amigos presos, fugidos e pra nunca mais. Usava jaqueta de couro e era o que chamávamos de  O cara. Ele não pedia nada, mas fazíamos tudo para não decepcioná-lo. Ele contava histórias e queríamos reverenciá-lo. Chico dava uma piscadinha e a gente entendia tudo. Eu era uma das duas  paiaça da crasse (SIC). Ele nos adorava. Eu o vi citar meu nome em uma entrevista na TV, dizendo que tinha dado aulas para milhares de alunos, mas que ele jamais esqueceu e jamais esquecerá. Carmen Farão, a paiaça da crasse. Deixou vazar uma lista de elogios que eu, do switcher onde assistia o programa, enchi meus olhos d'água. Viver por momentos assim foi o que me levaram a essa profissão. O Teatro de Arena e seu Significado não podem ser esquecidos. Nunca deveriam pertencer ao nicho teatral e a história política somente.

Por Chico, com Chico e em Chico.

Esse meu mestre e orgulhosamente eterno amigo, foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural do Brasil. Um dos fundadores do CPC USP, quando os corajosos guerreiros estudantes no início dos anos 60 não tinham medo de expor sua cara a tapa, e escreveu juntamente com Carlos Lyra a Canção do Subdesenvolvido  que eu cantarolei anos a fio, aulas a anos sem saber que era de sua autoria. Incrível como sempre aprendemos. Sempre descobrimos.

Canção do Subdesenvolvido fala do gigante que despertou. Que deixou de ser adormecido. Isso lhe lembra alguma coisa?

Ouçam. Tão atual quanto há 50 anos. Algumas conquistas básicas. Mas se a gente levantar o tapete, será que está assim mesmo?

E você que pode? Quantas famílias salvou hoje com um empreguinho? Quantas injustiças não permitiu acontecer? Como diria a Nona, minha saudosa Nona:

AAAH! Vá via, vá!

Debaixo de um céu de anil,
Encontrareis um gigante deitado:
Santa Cruz, hoje o Brasil.
(...)
Mas um dia o gigante despertou (ooaahhh!).
Deixou de ser gigante adormecido.
E dele um anão se levantou.

O povo brasileiro, embora pense, cante e dance como americano
Não come como americano,
Não bebe como americano,
Vive menos, sofre mais
Isso é muito importante
Muito mais do que importante
Pois difere o brasileiro dos demais
Personalidade, personalidade, personalidade sem igual,
Porém,
Subdesenvolvida, subdesenvolvida,
Essa é que é a vida nacional.”

252902 216360351728156 1301097 n Por Chico, Com Chico e Em Chico   editado

Viva Chico de Assis!


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